segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Perfeito demais


So it is meus queridos,hoje é dia de música bebês!Agora há pouco,por acaso,ouvi a música maravilhosa de Damien Rice e não pude deixar de lembrar de Closer.Me ocorreu então a ideia de escrever sobre ele, e futuramente sobre outras músicas marcantes de trilhas ou momentos musicais em filmes,afinal,quem nunca lembrou instantaneamente de um filme ao ouvir certa música?Quem nunca teve a impressão de que algum filme seria mais sem graça se não tocasse aquela música no momento certo?Bom,eu sinto isso o tempo todo,talvez por eu ser viciada em música o efeito da trilha sonora é muito forte pra mim.As trilhas costumam chamar minha atenção e se um filme tiver uma boa trilha,certamente, já ganha pontos comigo.


Com Closer não foi diferente.Quando eu vi o filme pela primeira vez,no século passado,num belo domingo nublado,perfeito para o filme, fiquei hipnotizada pela música,lembro bem de como ela me fisgou na inesquecível sequência inicial.Eu  nunca tinha ouvido falar de Damien Rice,e se me dissessem que alguém cujo sobrenome é arroz pudesse cantar tão lindamente eu riria alto.Um dos motivos pelos quais quis falar dessa música é porque poucas vezes eu vi uma trilha  se tornar tão icônica.Todo mundo lembra automaticamente do filme ao escutar a música,todo mundo lembra do que sentiu ao ver filme ao escutar a música e,gente,isso é raro.Obviamente,existem muitas trilhas inesquecíveis,mas poucas músicas realmente foram tão apropriadas para um certo feeling que nem essa.


Agora,por favor,façam um esforço pra parar de olhar pro gif do Jude e continuem lendo,ok?Sei que é difícil tirar os olhos dele,mas se eu consegui por uns instantes,vocês também conseguem.Então,como eu dizia,canção de Damien tem todo o sentimentalismo e sinceridade do filme,ela é dolorida,direta,linda,tal qual o filme.A letra pungente e pessimista é exatamente o que Closer representa pro espectador,com toda a carga sentimental que o filme mexe e no tom certo,nada demais ,nada de menos.Lembro que depois que eu vi o filme pela primeira vez,na época,eu ainda via filmes em dvd,o deus Torrent ainda não tinha entrado na minha vida,e no dvd que eu aluguei tinha o clip nos extras,serviu pra que?Pra eu ver o clip mil vezes e me dar vontade de rever o filme ainda no mesmo dia,que foi o que eu fiz,sou dessas,não me julguem.O clip ,por sinal é outra lindeza  a parte,sempre que vejo me lembro do ultra melancólico filme do Lars Trier,o Breaking the Waves,a fotografia é muito parecida,não sei se houve inspiração mas pra mim a associação é inevitável,olhem só:

Emily Watson,fazendo a filha do vento em Breaking the Waves 


Digam que não parece com clip


Não acharam parecido?O filme do Trier é muito bom também,mas é tristíssimo,um dos mais depressivos que vi na vida,não recomendo pra quem já tá tendo um péssimo dia,mas pra quem quiser chorar,fica a dica.Mas voltando ao assunto do post,o clip de Blower's daughter tem algumas das melhores cenas do filme,só pra influenciar ainda mais nosso pobre cérebro e a gente ficar louco pra rever o filme,o que deve ser feito sem culpa, porque Closer é um filmão, bem denso,e a cada visão,dependendo do nosso estado mental,percebemos mais coisas,entendemos outras e amamos mais o filme,bem como dever ser.



E agora strangers?Como lidar com a vontade de rever o filme?Esses gifs e a música foram quase uma hipnose,não é mesmo?Agora quem puder e quiser vai rever o filme e ouvir a música mil vezes,que nem eu pretendo fazer.Espero que a hipnose tenha surtido efeito e que vocês não resistam também,e antes que eu me esqueça,por favor quem tiver pedidos sobre filmes ou trilhas pra comentar não se acanhem,se manifestem nos comentários ou mandem email para cinemamourr@gmail.com,combinado?Por hoje  é só strangers,até mais.







sábado, 16 de novembro de 2013

Como em um tango...




Para entrar no clima:

Discípulo e mestre

Holla guapos!Desculpem o sumiço,tirei mini-férias e só queria saber de  comer,dormir e ver filme é claro!Mas faltou coragem pra escrever sobre tudo que vi,fico devendo os posts pra quando a preguiça e o tempo permitirem,ok?Uma das maravilhas que assisti foi o ótimo Tese sobre um homicídio,mais um argentino pra nos humilhar com a sua qualidade indubitável.Sou muito fã do cinema dos hermanos e Tese só veio comprovar a minha tese,a de que ainda temos muito,muito mesmo,a aprender com os nossos vizinhos.

Mucho sangre e talento

Ricardo Darín,o muso onipresente do cinema argentino protagoniza um romance policial denso,o seu personagem,o renomado professor de direito Roberto Bermudez é hipnotizante e crível ,como tudo que Darín costuma fazer.O desenrolar da trama meio noir começa quando Roberto reencontra Gonzalo,filho de um amigo que não vê há tempos,que se inscreve em um seminário seu e o propõe uma tese interessante sobre  crimes.

Bom alun0


O que vem daí,a princípio,parece mais um daqueles típicos desafios entre o psicopata e o investigador,algo que nos remete aos papos de Clarice e Hannibal,mas para nossa a alegria o roteiro do filme vai além dos clichês bem feitos e nos intriga até o final.É perceptível,ao longo do filme, a familiaridade do estilo de suspense moderno,com algumas referências imediatas  a alguns filmes,como o Silêncio dos Inocentes,por exemplo,a aparição da figura de uma mariposa em meio a uma cena do crime e a toda uma alegoria sobre a morte de inocentes é colocada de maneira muito sutil e interessante na película.

Detalhes tão pequenos...

Hernán Goldfrid,o diretor, se destaca  ao enovelar os personagens de maneira genial,porque ele faz uma coisa dúbia,cheia de nuances,num instante temos o clássico desafio professor  e aluno,ali  temos o jogo de gato e rato do criminoso vaidoso e do investigador desesperado,acolá enxergamos o embate entre a inveja e o orgulho,já em outros, tudo o que temos são as nossas dúvidas.

Decifra-me ou te devoro

O trunfo do filme,talvez,venha desse enredamento,o diretor Hernán Goldfrid arrasta a gente pro tango e conduz o filme com muita maestria.A atmosfera de tensão é lindamente construída,com muito jogo de cena,ótimos ângulos,edição certeira e muito tato ao conduzir  os personagens.

Sob a luz da dúvida

E nessa dança vemos o personagem de Darín se desconstruir,o professor cheio de prestígio e certezas vai se desfazendo ao longo trama,o psicologismo da história tem seu ponto alto aqui.Tese é um noir moderno,só que nele a cortina de  fumaça não vem só de fora,não vem só da provocação do bandido e da sedução da femme fatalle, e tamanho é o fog,que em alguns pontos,chegamos a questionar a mente afiada do professor de direito.Em alguns momentos sua mente é exposta e questionada,sem que possamos ao certo escolher um lado,bom,eu pelo menos não pude.E por causa desse benefício da dúvida Darín e todos os envolvidos no projeto merecem palmas,não tá fácil hoje em dia criar algo novo e excitante pras nossas retinas tão calejadas,não é mesmo?Então fica a dica,pra quem quer algo diferente e excitante,porém com aquele gostinho bom de velho conhecido.Quem se animar a assistir o filme ,peço que volte aqui e comente a sua tese sobre esse noir latino.Por hoje é só chicos e chicas,hasta la vista babies!

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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

I'm going to kill myself tomorrow

I'm taking the cure
So I can be quiet wherever I want


Calma gente,este post não é uma carta suicida.É uma carta de amor,para o Wes Anderson,para agradecer por ter feito uma das minhas sequências preferidas ever!Pra começar,a sequência vem de um filme,que pra mim,não tem defeito,os Excêntricos Tenembaums,amo tudo que tem nele,esqueço até da mediocridade da Gwyneth Paltrow,tamanho o meu amor pelos Tenenbaums.Essa sequência não poderia ter sido estilizada e editada de maneira mais apropriada.Então, pra vocês entenderem o que eu vou falar,vejam a lindeza:



É muito amor!Obrigada Wes Anderson,obrigada por escolher o delícia do Luke Wilson pra encarnar o Ritchie,ninguém mais se sairia tão bem,o misto de melancolia e doçura  dele é o tempero certo para Richie,o mais passional dos Tenembauns.

Se acalmem,juro que vou tentar não entregar muito do filme,para não estragar a leitura dos vacilões que ainda não assistiram,ok?Os que ainda não viram,por favor misturem meia dose de vergonha na cara e juízo,e tratem ver um dos melhores filmes do diretor mais original e estiloso da atualidade.Porque não dá pra falar do Wes sem falar de estilo,ao contrário do que muita gente pode pensar,o estilo dele não tem haver com moda,muito pelo contrário,Wes  foge das imposições do mercado e cria filmes muito característicos e cheios de autenticidade.

Insisto em falar do estilo porque ele é crucial para dar o tom certo para cada cena.Ao acompanharmos a tentativa de suicídio de Richie somos levados por esse mundo meio expressionista que Wes criou.Os tons de azul do banheiro,previamente pensados para ambientar o desolamento do personagem,nos remetem ao imaginário americano,onde os 'blues' são sinônimo de dor e tristeza.



I can't beat myself


É no meio desse blue todo que Richie se despede da vida, do seu passado de prodígio fracassado e do seu coração partido.A mudança visual,a perda da barba e dos longos cabelos do tenista são o concretização do seu despojamento da vida,da vontade de deixar tudo pra trás.Uma das melhores coisas de já ter visto o filme ,várias vezes, é que a cada nova visão consigo reparar em mais detalhes,nos pequenos detalhes  em que Wes se esmera para compor o clima do filme. A música escolhida,nesse caso, uma das melhores escolhas de trilha em sua filmografia,é parte vital do filme.A música tem uma tensão crescente,aliada a uma letra sombria que dão o tom trágico e intimista que o roteiro pede.

So leave me alone

You ought to be proud that I'm getting good marks



Além disso,o ritmo e a edição são muito certeiros,montam um passo-a-passo que provoca uma aflição na gente.Não sei dizer quantas vezes já vi o filme,mas sempre que vejo,me comovo com essa sequência.Não só porque Richie é um dos meus personagens preferidos na película,mas também,pela maestria com que ela foi projetada,nada é gratuito em um filme do Wes,ele é obcecado por composições perfeitas e milimétricas,o que nesse caso funciona lindamente,porque ao invés de deixar o filme engessado,serve pra trabalhar cada aspecto que chegará ao espectador.

Portanto,se você já viu o filme,vale rever pra observar melhor a arte envolvida em cada tomada dele,quem ainda não viu,corra pra ver e preste atenção em tudo,Tenembauns é um mosaico,cheio de pedacinhos,cada um com um encaixe certo,cheio de nuances a serem apreciadas.Prometo um post inteirinho sobre o filme,que vai ser longo e derramado,porque pra mim,Wes é um gênio,é  diretor,é arquiteto,visionário como ele só,consegue sempre me surpreender e me apaixonar.É isso mesmo gente,amo o Wes e ele ainda não sabe,por enquanto fica só entre nós,deal?Conto com vocês, e  desejo um bom filme,pra quem se contagiou com a minha paixonite.Quem quiser,tá convidado a escrever sobre filme e me mandar o pitaco,tá bem?Pode ser por email ou nos comentários mesmo,vocês é que mandam!Até a próxima mes amours.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Amores imaginários

Te quiero

Pre-pa-ra gente!O Amor Imaginário de hoje é muy caliente,e dedico à minha queridíssima Nina que sugeriu esse desaforo de hombre por aqui.Nina,mi amor,o seu pedido é uma ordem,agora, é só a gente aproveitar,vamos ao que interessa?Quem pode ser mais interessante  do que Javier Barden?
Além de lindo,másculo,moreno e sensual ,o guapo é um dos melhores atores da sua geração,versátil e carismático como poucos.Javier começou a atuar um pouco tarde,pois sua carreira inicial era o rugby profissional,onde ele ganhou esse corpinho e uns ossinhos quebrados que deram mais personalidade à sua beleza não é mesmo? Então,só nos resta apreciar com mucho gusto!

Que é isso novinho?
Raul -Jamón Jamón

E já começa assim... esse é Javierzito no seu primeiro sucesso.Jamón Jamón,do apimentadíssimo diretor Bigas Lunas,que foi o primeiro a apostar no potencial do guapo.Como vocês podem ver,Raul é dos personagens mais sexies de Javier,ele é um garanhão inveterado,que acaba se apaixonando pela  digníssima  personagem  de Penélope Cruz.

Amante Latino
 Benito- Ovos de Ouro

Um dos melhores momentos dele!Benito é tão engraçado quanto delicioso,o rapaz tem uma personalidade bem peculiar e abusa de momentos inesquecíveis que nem esse da foto,onde ele canta bebaço uma música de Julio Iglesias,nesses trajes maravilhosos!Mais uma parceria linda com Bigas Lunas,obrigado Bigas,por essa cena épica!Por favor vejam a cena,sintam o drama: 



Amor fatal
David- Carne Trêmula

Aqui um dos personagens mais subestimados dele,David é uma típica cria de Almodóvar,passional e quente até a alma.Ele é um dos tipos mais fatais que Javier já fez,lindo e atuando bem como sempre.

Ah se eu fosse marinheiro...
Ramón Sampedro-Mar Adentro

Como diria o talentosíssimo Paulo Gustavo: aqui, eu me encalacro toda!Sou louca por esse filme,consequentemente,amo o personagem de Ramón,essas cenas onde ele aparace lindo e impávido nas praias são divinas,o filme é tão lindo quanto o Javier,quem ainda não viu,por favor,vamos atentar pra vida e ver pra ontem!

Me leva pra Oviedo corazón?
Juan Antonio- Vichy Christina Barcelona

Já ia começar dizendo que amo o filme,aí vocês me acusam de ser fácil,mas que culpa eu tenho do Javier só fazer filme bom?E ainda faz um com o Woody Allen?Como não amar?Em Barcelona,Javier faz o kisuco FERVER!Mais charmoso e irresistível que nunca,ele pega Penélope,pega Scarlett e Rebecca Hall,deixando a gente só na vontade,e que vontade...

Depois de Vichy ele fez Biutiful,Skyfal e To the Wonder, onde ele faz um padre e bota  a gente pra pecar em pensamento.O guapo já vai voltar com tudo no novo filme de Ridley Scott, O Conselheiro, o filme parece ser dos bons,e além de Javier temos Fassbender no elenco,ou seja,vou ver na estréia!Aguardamos ansiosos ,enquanto não vem esse,já podemos rever a filmografia de Bardenzito e suspirar.Por hoje é só pessoal,até a próxima queridóns!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Guest Post: Machismo e cinema,divagando sobre o filme Nunca Mais.

Oi gente! É com muita honra que inauguro ,hoje, o primeiro guest post aqui no Cinemamour. O primeiro de muitos, eu espero, quero  manter um espaço para divulgar textos de amigos e leitores, então, se você também quer escrever um guest post,be my guest! Basta enviar seu texto para o email:cinemamourr@gmail.com

O guest de hoje é especialíssimo, um amigo muito querido, um dos meus maiores incentivadores,cinéfilo assumido, que teve a generosidade de vir aqui dividir esse texto lindo. Agradeço muito o carinho, viu Caio? Agora fiquem com o post do meu querido Caio Gustavo.


Antes de começar a escrever, venho me apresentar. Chamo-me Caio Gustavo, estudante (no momento que esse post está sendo escrito) de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará, estando no sexto semestre de graduação. Sou amigo da Manu faz uns 2 anos, eu acho. E com ela tenho aprendido muito sobre cinema, além de admirá-la como pessoa. Fiquei muito feliz com a sua iniciativa de escrever sobre cinema, pois conteúdo e cultura é pra se disseminar.


Já sobre o post, devido à eficiência dela em postar quase todo dia, fiquei instigado a escrever já que é uma coisa que eu amo, mas há muito tempo não faço. Na verdade, eu estou lotado de coisas da universidade pra fazer, mas como não estou inspirado para trabalhos acadêmicos, acho que escrever um post pode dar uma ajudada nisso. O filme que escolhi falar foi o filme “Nunca Mais” do diretor Michael Apted. Sobre o diretor, não posso falar muita coisa, pois não acompanho seu trabalho, mas esse especificamente me chamou atenção.

Sinopse:

Enough

Slim (Jennifer Lopez) é uma dedicada garçonete que tem sua vida transformada por completo após se casar com Mitch (Bill Campbell), um empresário milionário. Ela deixa o trabalho e se adequa a uma tranquila vida com as posses do marido, juntamente com Gracie (Tessa Allen), sua filha de 5 anos. Entretanto, logo Slim percebe que seu marido não tem nada de perfeito, abusando dela cada vez mais. Cansada, Slim decide ir embora, juntamente com Gracie, para um lugar onde possa recomeçar sua vida. Porém, Mitch parte em sua busca e volta a ameaçá-la, fazendo com que Slim tenha que se preparar física e mentalmente para confrontá-lo e pôr um fim nas ameaças.

Sinopse retirada do site: http://filmow.com/nunca-mais-t5510/

O filme é comum passar nas “temperaturas máximas da vida” e apresenta a cantora Jennifer Lopez como protagonista. A personagem é carismática mesmo com as limitações da atriz. Com o tempo o telespectador vai estabelecendo um vínculo empático com a mesma, pois uma sequência de acontecimentos (acontecimentos esses mais comuns do que imaginamos) desagradáveis vão ocorrendo e com um jogo de drama com suspense, é comum ficarmos ensimesmados com a boa trama que se estabelece.  O filme realmente prende. A personagem se vê diante um marido arrogante, machista que a toma como posse. O seu discurso é sempre o de “você é minha”, “eu conquistei tudo, essa casa, o emprego, VOCÊ”. A mulher é objetificada e vira apenas mais um bem do marido.

O marido é contracenado pelo ator Billy Campbell, que também é outro ator que não me chama muito a atenção, mas, para o papel, serviu. Poderia ser atores melhores? Sim, poderia, melhor, DEVERIA. Mas talvez pouco importassem os atores e sim a reflexão sobre o machismo e os abusos domésticos, independente da classe social. No filme é uma família milionária, mas todos nós sabemos que isso ocorre, seja  na classe média , baixa renda ou o que for. Mas o curioso mesmo no filme é a superação da personagem que para muitos incomoda, pois a mulher se igualou (a partir da técnica) ao homem. * início do spoiler* ela passa por uma série de treinamentos, para, por fim, lutar de igual para igual com o seu marido *fim do spoiler*.

Percebe-se o incômodo nos comentários sobre o filme. Após reassisti-lo, fui até uma rede social de filmes (Filmow. Por sinal, indico para os leitores que queiram organizar os filmes que assistem, só não recomendo ficar preso nas discussões, muitas vezes infantis dos comentários sobre os filmes). Com isso, tive a infeliz ideia de ler os comentários sobre o filme e algumas pérolas me chamaram a atenção.





Minha resposta a essas pérolas foi essa, até me surpreendi pela aceitação do comentário:


Continuando sobre o filme, existem mais duas personagens na trama, sua amiga Ginny (Juliette Lewis ) e a sua filha Gracie, intepretada por Tessa Allen.  A criança definitivamente é um diferencial no filme, apesar de não considerá-la nenhuma grande atriz mirim (da época), ela traz uma personalidade cativante e nos deixa de olhos brilhantes. O filme até a sua metade estabelece uma trama de perseguição e fuga, para depois a personagem se superar, é nessas cenas que ocorrem os maiores momentos de tensão.


Por fim, o filme não é nenhuma grande produção e peca em muitos aspectos, talvez pela limitação dos atores ou do roteiro, mas como já expliquei, vale a pena pela reflexão e pelo suspense. O machismo é frequente ao nosso redor e está presente em diversos âmbitos sociais, para combatê-lo precisamos de uma conscientização libertadora, principalmente partindo das mulheres que são as verdadeiras oprimidas, apesar de que muitos homens também são afetados pelo machismo, seja homossexual ou hétero.

Fugindo um pouco sobre o cinema, mas ainda partindo do tema (machismo), apenas para exemplificar que o machismo está cristalizado no social e na cultura, outra coisa, além do cinema, também me desperta desejo, os games. E é comum ver machismo neles. Um caso que me chamou atenção é da apresentadora Katiucha Barcelos, que apresenta o programa UPLAY, na Tv União, aqui de Fortaleza.  Por ser uma bela mulher, a sua beleza é salientada (pelos seus fãs, assisti poucas vezes o programa e não vi tanta apelação por parte deles para a beleza da apresentadora) no lugar do seu conhecimento e isso parece incomodá-la bastante, sendo muitas vezes exposta a situações constrangedoras e inclusive sendo objetificada, como no vídeo abaixo, em que ela é vista como o “sonho de consumo” dos gamers. 



 

Perceba seu constrangimento ao ser associada a "musa" dos games.


Na entrevista o primeiro aspecto realçado é a sua beleza, para depois ser falado o seu conhecimento sobre os games, infelizmente é por essas coisas que as mulheres andam passando e filmes como o de Apted são importantes para fazermos uma leitura crítica sobre esse assunto.Enfim, era isso que eu tinha para falar, espero que tenha sido proveitoso. 

 Abraços.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Quem você quer ser quando você crescer?



Quatro da tarde.Tédio e preguiça tomando a sua vida,você para e pensa:quero me divertir! Imediatamente ,algumas imagens vêm à sua mente e você percebe o quanto sua vida foi influenciada  por anos e anos de  Sessão da Tarde,quando você pensa em diversão e associa a  uma das maiores queridinhas da sua infância. Só eu que delirava com o guarda-roupa de Cher Horowitz?Só eu que queria um conjuntinho xadrez e um paquera tímido que escutasse Radiohead?Vocês podem não admitir,mas sei que não estou só nessa. Confesso que assisto até hoje,se eu ver na TV,podem aguardar vai ter um post dele algum dia.Enquanto esse dia não chega,pra matar a saudade,vamos relembrar?

Ícone de uma geração!

domingo, 13 de outubro de 2013

Take your protein pills and put your helmet on


Para entrar no clima :

Check ignition, and may God's love be with you


Antes de qualquer coisa,fiquem tranquilos,aqui não tem spoilers,ok? Os doidos do spoiler já podem respirar e ler normalmente.De nada ,gente. Bom,quem me conhece já sabe,eu jamais usaria uma música de Bowie em vão,jamais a colocaria em um contexto que não estivesse no mesmo nível de maravilhosidade. Acho que posso dizer que o filme de Cuarón me tocou tanto quanto Space Oddity,creio que Gravidade,também, vai me abalar sempre,não importa quantas vezes eu o reveja.Que filme minha gente,que filme!Ainda estou me recuperando da tensão,então desculpem qualquer lapso acho que estou com alguma síndrome pós-filme.

Fui ver o filme cheia de expectativas,ouvi ótimas indicações de amigos e não me decepcionei,amei o filme,mas o achei diferente do que muita gente tinha descrito,encontrei um filme muito mais denso e metafórico do que esperava.No entanto,apesar do que muita gente pode pensar,Gravidade não é um filme difícil ou hermético,mas por apresentar um teor muito humano e subjetivo, vai ser sentido e interpretado de maneira diversa por cada espectador.Portanto,aviso, apesar do cenário espacial ele não é uma aventura estelar,nele,o espaço serve para nos introjetar,nos encapsular e iniciar uma viagem ao interior da alma humana.


For here am I sitting in a tin can
Far above the world

Alfonso Cuarón e seu filho Jonás escreveram um roteiro que beira a perfeição.Cada acontecimento,cada diálogo tem um sentido na trama,nada é desnecessário ,tudo que vemos se encaixa para formar aquela teia de medo e tensão que nos prende desde o começo do filme.A escolha do espaço sideral como pano de fundo para esse drama não poderia ser mais inteligente,a simbologia que ele tomou nas cenas é universal,o silêncio ,a escuridão,a falta de qualquer ponto de segurança nos remete à situação vivida por Ryan Stone e por todo ser humano em algum momento da vida.Stone, a personagem de Sandra Bullock ,expõe na tela o nosso espaço interior, muito mais assustador e poderoso do que o espaço estelar.

Though I'm past 100,000 miles
I'm feeling very still

Ao contrário que a imprensa anda divulgando,o filme é todo de Sandra.O personagem de George é um acessório para o seu desenvolvimento e serve para aliviar um pouco o clima pesado do filme.Sandra segura o filme todo sozinha,mostra, pra quem ainda tinha alguma dúvida, que é uma das grandes da atualidade e alegra os seus fãs de longa data,que nem eu,que já amava a atriz desde os tempos de Velocidade Máxima.

Ela tem uma qualidade rara ,que foi muito útil ao filme,Sandra consegue externar grandes emoções,de uma maneira comedida,suas personagens,geralmente,são mulheres que fogem dos estereótipos femininos,e aqui essa fórmula funcionou muito bem.Stone tem trejeitos calmos,se mostra uma profissional competente e forte,ao longo do filme vemos a desconstrução dessa imagem,acompanhamos Stone nos seus piores momentos,sofremos com a sua dor,a sua solidão é desoladora e o seu drama é comovente.

I'm floating in the most peculiar way
And the stars look very different today

Não quero detalhar sobre o que acontece com Stone,as surpresas das cenas são fundamentais para quem assiste,cada uma delas exibe uma nova faceta da engenheira,construindo a sua superação ,o seu renascimento.Em algumas partes me lembrei de Melancholia,o mesmo uso da figura feminina para ilustrar o paradoxo da força e da fragilidade,a fotografia lindíssima,o azul predominante e a trilha sonora tensa.A lembrança de outro filme ,também,foi forte,o luto parental abordado com delicadeza me recordou o excelente O Quarto do Filho,de Nanni Moretti.

Here am I floating round my tin can
Far above the moon
Planet Earth is blue, and there's nothing I can do....

Além disso, as metáforas embutidas no roteiro conseguem atingir um nível concreto,o que deixa o filme com uma poesia metafísica digna dos grandes clássicos existencialistas,o que na minha opinião é um trunfo difícil de ser alcançado,que Cuarón consegue com muito talento e sensibilidade.O seu texto tem síntese e expressão ,essenciais para tratar de  temas tão abstratos quanto os abordados em Gravidade.Li que ele passou anos escrevendo e produzindo o filme,um trabalho bem arquitetado, que segurou ,somente em uma hora e meia,o que alguns filmes intermináveis não conseguem,Alfonso conseguiu mostrar o que aprendeu com mestres como Bergman,Trier e Kubrick,mostrando estilo e muito tato.

Espero que seu próximo trabalho também venha com a mesma qualidade,atraindo o público e os elogios com a mesma força de Gravidade.Fiquei com vontade de rever o sucesso anterior dele,o Filhos da Esperança,acho que Gravidade me deixou um gosto de quero mais,o tempo curto do filme e adrenalina devem ter contribuído pra isso,além do talento do mexicano é claro.Deixo aqui meu apelo,se você querem ir ao cinema,vão ver Gravidade,ele é um desses filmes que pede uma telona,podem ir ,é satisfação garantida ou seu dinheiro de volta(não me responsabilizo por esta parte...).



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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Newvelle Vague

Para entrar no clima:


 Well there's nothing to loose,and there's nothing to prove,I'll be dancing with myself

E foi assim que eu saí do cinema,com vontade de saltitar e rodopiar pelos cantos,eis o efeito de Frances Ha em moi.Impossível não sair mais leve depois de assistir  a esse filme tão doce. Já nos primeiros minutos,senti que não ia resistir àquela mistura tão perfeita de Woody Allen e Nouvelle Vague feelings. 

A fotografia preto e branco aliada à trilha sonora eclética com Bowie,Stones,McCartney e Georges Delerue,o maestro oficial da Nouvelle Vague,que musicou pra Goddard e Truffaut,foram demais pra mim. Noah Baumbach , o diretor e roteirista, já tinha minha simpatia, depois de A Lula e a Baleia, e também,  por trabalhar com meu queridinho Wes Anderson, em Steve Zissou e Sr. Raposo.Mas,no final de Frances ele ganhou  um lugar  no meu  vasto coração cinéfilo.

If I looked all over the world,and there's every type of girl,but your empty eyes seem to pass me by
Leave me dancing with myself

Noah fez todas as escolhas certas para o tom do filme,o roteiro despretensioso e a escolha da fofíssima Greta Gerwig para a protagonista foram muito felizes.Greta é de uma naturalidade desconcertante,a personagem desengonçada e gauche poderia ser caricatural e chata nos trejeitos de outra atriz,mas não nos dela. Acho que ela captou bem o estilo meio clown dos primeiros filmes  do Woody e das mocinhas atrapalhadas dos filmes franceses.Frances é real,muito real,ela poderia ser aquela sua amiga estabanada,a sua irmã,a sua vizinha ,alguém que você conhece e tem vontade de levar pra tomar um sorvete.

Frances é a luz do filme,as situações banais ,muitas vezes embaraçosas, soam como pequenos testes pra nossa heroína trapalhona.Os percalços que insistem em atrapalhar os planos da moça acabam virando trampolins da vida,de onde vemos Frances sair um pouco mais madura ,mas com a meiguice resguardada.


So let's sink another drink ,cause it'll give me time to think
If I had the chance,I'd ask the world to dance

A saga de Frances começa uma separação inesperada de sua melhor amiga,que para Frances é parte essencial dela mesma.Após perder a roommate Frances parte em busca de um novo teto e novos amigos e acaba se deparando com vários aprendizados no caminho. A separação da melhor amiga rende ótimas reflexões sobre a amizade feminina,em alguns trechos não pude deixar de lembrar de SATC ,que talvez seja ,até hoje, um dos melhores ao tratar do tema.

Nesse ponto, Frances também é muito certeiro,o foco na mudança da relação entre as amigas nos mostra várias nuances da personalidade de Frances. Essa exposição da personagem, mostrando seus defeitos,dúvidas e angústias gera cenas lindas e nos possibilita uma inegável identificação com ela.  

Numa das cenas que mais me tocou, Frances tenta explicar a uma conhecida seu ideal de amor,com uma explicação tão simples e ao mesmo tempo prolixa,tão verdadeira quanto humana,confesso que nessa cena tive vontade de entrar na tela, apertar as bochechas de Greta Gerwig e dizer:Why so fofa?Não vou  mais detalhar o que se passa,pois o filme é feito de singelezas,de muitos pequenos detalhes,e é a partir desses pequenos momentos que aprendemos  com Frances .

If I had the chance ,I'd ask the world to dance
and I'll be dancing with myself

Outro acerto de Noah foi conseguir reproduzir o lifestyle novaiorquino,os apartamentos descolados,os personagens meio neuróticos , com diálogos rápidos e espirituosos e um toque de ironia.Palmas ,também,para o elenco de apoio,todos afinadíssimos com o clima da película,incluindo nosso já conhecido Adam, de Girls,que deu o ar de sua graça para um personagem parecido com o seu na série da HBO. Outra lindeza do filme são as várias referências cinéfilas dele,grandes lembranças da Nouvelle Vague,através de trocadilhos e cenas  inspiradas,ou vocês acham mesmo que o nome Frances foi escolhido à toa?

With the record selection ,with the mirror reflection
I'm dancing with myself

Pode se dizer ,também,que o filme soe um pouco que nem Girls,ao tentar tecer um retrato charmoso dessa geração meio perdida , confusa e intrigante.Não sei dizer se o retrato é fidedigno ,mas certamente, é muito simpático. Talvez esse seja uma das maiores qualidades do filme,o seu charme.Eu como a boa nostálgica que sou, registro aqui a minha torcida para que mais diretores façam como Noah,busquem no passado novos olhos para o presente,afinal qual conteúdo não fica mais interessante com uma embalagem retrô não é mesmo? 

E ao final do filme ,acho que Frances  nos ensina um dos segredos da vida, que é tentar entrar na dança,acertar os passos e pegar o ritmo,e se não der certo,invente sua própria dança ,crie o seu ritmo,dance a sua coreografia e de algum jeito tudo se arranjará.Afinal,o mestre Woody Allen já escreveu:
"In the end the romantic aspirations of our youth are reduced to, whatever works."

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