domingo, 23 de fevereiro de 2014

Me alugo para sonhar



    



Hello strangers!Primeiro,peço desculpas pelo sumiço preguiçoso,segundo,voltei para ficar,palpitar muito e falar do nosso velho e amado cinema.Devo avisar ,também, aos incautos que o texto de hoje não é ,exatamente, como os outros,hoje não vim de um filme só,vim falar de nós cinéfilos e do que buscamos no cinema.


Ora,ora,caro Watson,todos nós buscamos coisas diferentes e por motivos diferentes,mas de alguma maneira tenho reparado que há algum padrão nas nossas preferências e anseios cinematográficos.Até aí,nada demais,não é?Afinal,somos todos humanos,demasiado humanos,talvez, e por isso mesmo tão coincidentes e paradoxalmente singulares.


Depois de muito ouvir vários amigos e conhecidos me pedirem dicas de filmes e listas temáticas,cheguei a essa conclusão, a de que desde o expectador ocasional,aquele que só vê filmes em raras ocasiões e não conhece muito as diversas opções de estilos e diretores,até aquele colega que é a versão ambulante da Wikipédia e pode falar horas sobre qualquer filme ou assunto relacionado ao cinema(Salut Silrras!),quando se investiga um pouco mais,os dois não são cinéfilos tão diferentes...


Ao final das sessões e das intenções,todo mundo,como bem disse o grande Gabo no título genial do seu livro,se aluga pra sonhar.Daí pra frente o que vai mudar é o ritmo,a cor,o sentimento e o temperamento do seu sonho.Mudam as maneiras de definir esse sonho,mudam as visões dos personagens dos sonhos, a importância que se dá a eles,mas o fator comum predomina.


No levantar das cortinas,todo mundo é meio Amélie por alguns minutos,todo mundo se fecha numa concha e passa a viver aquelas vidas inventadas(ou não),a chorar as lágrimas alheias e sentir com o coração dos outros,enquanto durar a exibição,e muitas vezes além dela,porque o cinema também é isso,também é experiência,insight e epifania,porque o cinema,minhas queridas Amélies, é transformação.

Cinema é construção também, ás vezes precisamos dos filmes pra edificar,pra construir ideias,visões e possibilidades.Cinema também é jornada,Indiana Jones que o diga,pois quem assiste um filme sempre busca algo,e a gente sempre encontra,pode não ser o que procurávamos,pode não ser o que queríamos e daí,vem as melhores surpresas.




Quem aí nunca se surpreendeu gostando de um filme inesperado?Quem nunca odiou o filme novo do seu diretor favorito?Quem nunca se pegou lembrando e citando um filme que foi assistido com o maior desdém?Atire a primeira pipoca,então.

E nesse domingo tão cheio de humanidade,vou ali ser humana,me alugar pra sonhar,pagar pelo impagável e tentar guardar mais uma vez o intangível dentro de mim,traduzindo:vou ao cinema.Foi bom voltar e até o próximo post com o filme que vou ver hoje e mais uma penca de divagações filmísticas ,pra vocês Amélies!Au revoir!

4 comentários:

  1. "a chorar as lágrimas alheias e sentir com o coração dos outros" Amei isso...O texto todo está muito bom, Manu!

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    1. Vólia querida,muito obrigada,sua opinião vale ouro!bjão

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  2. Belo texto! Disse tudo o que eu penso também. Alugando-nos para sonhar com os filmes, acima de tudo buscamos romancear nossas próprias vidas. E isso não seria possível sem "ser outro constantemente", como diria Pessoa, sem sonhar os sonhos (ou pesadelos) de nossos personagens, tantos aqueles que amamos como os que adoramos pelo avesso.

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    1. Caro anon,fico feliz por ter gostado,é sempre bom encontrar outros com quem compartilhar esse gosto pelo ser o outro constantemente,seja bem vindo!Obrigado pelas palavras!abraço.

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