sexta-feira, 7 de março de 2014

What it feels like for a girl - Parte 1

Cecília Lisbon, a caçula das Virgens Suicidas, e a sua sabedoria de mulher.

Oi gente!Aproveitando a onda do pseudo dia da mulher,resolvi satisfazer duas vontades minhas,falar sobre a condição feminina no cinema e fazer a primeira lista de filmes aqui do Cinemamour.

Bom,como  já cantou o maravilhoso James Brown,vivemos em um mundo de homens,e o mundo do cinema,infelizmente,ainda não foge muito desse padrão,apesar de vermos uma crescente ampliação do número de diretoras mulheres e dos filmes com uma visão  menos estereotipada sobre o mundo feminino.

Eu,particularmente,adoro filmes com esse enfoque mais real sobre o que é ser mulher,principalmente porque conheço bem as nuances,as sutilezas,as dores e as delícias(valeu Caetano!) que envolvem o universo do mulheril e além disso,considero uma tarefa difícil transpor um tema tão complexo e rico pra tela.Tanto o é, que são raros os filmes que conseguem essa proeza,e os poucos que a conseguem merecem nossa admiração e portanto,escolhi alguns dos meus preferidos pra indicar pra vocês hoje.Vamos os indicados:


1)Virgens Suicidas- Sofia Coppola


    


Baseado no livro de Jeffrey Eugenides,o filme de estreia de Sofia Coppola é uma pérola,alguns atribuem a qualidade do filme à sorte de principiante de Sofia e ao ar cool do filme,mas eu vejo de outra forma.Pra mim,um dos maiores trunfos de Sofia foi retratar,de forma fiel e tangível,várias das faces do feminino,em Virgens  vemos o aprisionamento,a beleza,o mistério e a transgressão intrínsecos às vidas de qualquer garota.A repressão vivida pelas irmãs Lisbon não é estranha a nenhuma mulher,nem à própria Sofia que cresceu encarcerada em Hollywood,e colocou muito de si no filme,inclusive no roteiro que ela mesma adaptou.Nessa adaptação do roteiro há um trecho especial,em poucas palavras ele diz muito do que há pra ser dito,aí vai:
'Soubemos como dói o vento do inverno entrando por debaixo da saia, como é sofrido manter os joelhos juntos na sala de aula, e como é monótono e irritante ter que pular corda enquanto os meninos jogam beisebol. Nunca conseguimos entender por que as meninas faziam questão de ser maduras, nem por que sentiam tanta necessidade de elogiar umas às outras, mas às vezes, depois de um de nós ter lido em voz alta um longo trecho do diário, tínhamos que combater o desejo de nos abraçar ou de dizer uns aos outros como éramos bonitos. sentimos o aprisionamento que é ser garota, e como isso torna a mente ativa e sonhadora, e como a gente acaba sabendo quais cores combinam entre si. (…) Soubemos, afinal, que as garotas são na realidade mulheres disfarçadas que compreendem o amor e até mesmo a morte..."


2)Caramelo-Nadine Labaki




Mais um filme de mulher pra mulher.A libanesa Nadine Labaki dirige o bem humorado Caramelo,ambientado num salão de beleza em Beirute,o filme expõe muitos conflitos e dilemas femininos de forma leve e bonita.Cheio de belas imagens e metáforas,o filme é um dos obrigatórios no quesito feminilidade.Anseios e  problemas comuns ao cotidiano da mulher são mostrados de uma maneira ao mesmo tempo doce e pungente.Os contrastes entre o Oriente e o Ocidente são bem marcados no filme e rendem ótimas reflexões.O carisma do filme é tanto,que ele foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008 e persiste como o filme libanês mais divulgado até hoje.       


3)Coisas que você pode dizer só de olhar para ela-Rodrigo García


 


Aqui a prova de que alguns homens podem sim,pelo menos tentar,entender de mulher.Rodrigo García,ultra talentoso e sensível(também né?filho do Gabo...),diretor de cenas inesquecíveis em algumas das minha séries preferidas, A Sete Palmos e Em Tratamento,conta,em capítulos,histórias difíceis,cheias de solidão  e ternura.Com um elenco de atrizes extraordinárias,ele conduz as tramas de maneira íntima e envolvente.É lindo de ver o enquadro que Rodrigo dá para cada caso,ele mostra de perto,mas ao mesmo tempo dá espaço para as conclusões e dúvidas do expectador.Ao final do filme nos indagamos sobre aquelas mulheres,sobre suas motivações e personalidades.O título longo faz jus ao espírito do filme e dá uma ideia justa do que encontramos nele.Ao ver Coisas passamos a reparar, a investigar as tais coisas que Rodrigo nos propõe,é um filme delicado e certeiro como poucos,vejam com cuidado.


Por hoje,é só pessoal!Paro por aqui com a primeira parte da lista e volto no próximo post com mais filmes e mais feminices,aguardem as próximas cenas.Hasta la vista,babies!







quinta-feira, 6 de março de 2014

Million dollar baby

Para ouvir:


Bom dia comunidade!E aí?Como passaram o Carnaval?Eu, como péssima foliã que sou,arrastei meu bloco pro cinema e gostei do que vi,vou começar do fim,falando do filme preto e branco que vi nessa quarta feira de cinzas.

Tão difícil,tão fácil falar de Nebraska. A dificuldade vem da sensibilidade e do minimalismo do filme,tão bonitos,tão complicados de se descrever.A facilidade fica por conta do apego,do roteiro agridoce,do gostinho de quero mais que o filme deixa na gente.Posso dizer pra vocês que se trata de um road-movie,de uma trama familiar,mas que vai muito além disso,aliás eu diria que Nebraska é todo um outro nível de filme sobre famílias e viagens transformadoras,Alexander Payne,o diretor, jogou nele o melhor do seu estilo,assim meio indie,assim meio drama,assim como a vida.

Nebraska é sem dúvida o melhor filme de Payne,com o melhor que ele sabe fazer,porém com uma precisão e uma honestidade que ele nunca tinha alcançado.Partindo de uma sinopse sem grandes novidades,Payne fez mágica pura,refinou o que poderia ser mais do mesmo e fez um filme capaz de agradar a a gregos e troianos.Há tempos,eu não via reações tão uníssonas,numa sala de cinema,parecia tudo sincronizado,na hora de rir todo mundo riu,na hora de lacrimejar,ninguém escapou e todo mundo pareceu muito satisfeito no final.

Eu,das mais felizes,é claro.Adoro filmes que me comovem,e este é daqueles inesquecíveis.Foi tão lindo de ver,a maneira como Payne entrega os personagens é tão palpável,tão crua,a platéia fica ali colada,olho e coração na tela, e as atuações inspiradas são de aplaudir de pé.Bruce Dern,nosso adorável e teimoso Woody,possivelmente,fez seu papel mais marcante,até hoje.Woody e a odisseia do prometido milhão de dólares desenrolam o cenário pra falar de senilidade,famílias disfuncionais e alcoolismo.


O cenário físico escolhido pra história melancólica,também,não poderia ser melhor,o oeste americano solitário e anacrônico,pintado de preto e branco,repleto de personagens tragicômicos e inundado de nostalgia é o lugar perfeito pra viagem de acerto de contas.A fatídica viagem começa quando David,o filho mais novo de Woody,se dispõe a ajudar o pai a buscar um suposto prêmio em outro estado,contra a vontade de sua mãe Kate,interpretada pela maravilhosa June Squibb.

Como todo mundo já sabe,pra cada quilômetro rodado tem um ressentimento e um afeto na pista,incluindo o épico pit stop da cidade de Hawthorne,terra natal e Woody e palco das melhores cenas da família reunida.A cidadezinha é um fantasma só,cheia de velhinhos  e sonhos perdidos,nela conhecemos as origens de Woody e entendemos os rumos que ele traçou na própria vida.


Não posso deixar de ressaltar a cena na velha casa de Woody,quanta delicadeza,quanta força teve nessa sequência, nela Dern mostra a fragilidade do Woody criança presa nos olhos  confusos do Woody senil.A atuação dele é o pilar do filme,confesso que poucas vezes vi um retrato da velhice tão realista,sem maneirismos,sem apelação,cada olhar atordoado e cada tropeço são significativos e enchem o personagem de carisma e ternura,fico feliz que ele tenha conseguido a premiação em Cannes,foi mais que merecido.Nessas cenas da casa,a inversão de papéis é clara e vemos os filhos guiando os pais e tratando-os como as crianças que um dia foram,é o fim,é o começo,é o fechamento de um ciclo,é maior que o as diferenças,maior que as mágoas,é forte é universal.

O microcosmos americano fica pequeno pra esse drama,porque ele é do tamanho do mundo,do tamanho da nossa humanidade,é nesse ponto que a direção de Payne mais embeleza  a história,o filme pega o comum mas foge sempre do óbvio.Em Nebraska,vemos os detalhes,é um filme de sutilezas,que arranca da realidade os seus ângulos mais tristonhos e bonitos,que nos faz lembrar das dualidades do viver e da fragilidade dos sentimentos,é um filme delicado e por isso mesmo feito para os fortes.Portanto,sejam fortes,vejam Nebraska,pelo o que ele é,um filme merecedor das suas 6 indicações ao Oscar e merecedor de muito mais,mas sobretudo vejam Nebraska pelo o que somos,apenas mais do mesmo,apenas os mesmos e não mais.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

Me alugo para sonhar



    



Hello strangers!Primeiro,peço desculpas pelo sumiço preguiçoso,segundo,voltei para ficar,palpitar muito e falar do nosso velho e amado cinema.Devo avisar ,também, aos incautos que o texto de hoje não é ,exatamente, como os outros,hoje não vim de um filme só,vim falar de nós cinéfilos e do que buscamos no cinema.


Ora,ora,caro Watson,todos nós buscamos coisas diferentes e por motivos diferentes,mas de alguma maneira tenho reparado que há algum padrão nas nossas preferências e anseios cinematográficos.Até aí,nada demais,não é?Afinal,somos todos humanos,demasiado humanos,talvez, e por isso mesmo tão coincidentes e paradoxalmente singulares.


Depois de muito ouvir vários amigos e conhecidos me pedirem dicas de filmes e listas temáticas,cheguei a essa conclusão, a de que desde o expectador ocasional,aquele que só vê filmes em raras ocasiões e não conhece muito as diversas opções de estilos e diretores,até aquele colega que é a versão ambulante da Wikipédia e pode falar horas sobre qualquer filme ou assunto relacionado ao cinema(Salut Silrras!),quando se investiga um pouco mais,os dois não são cinéfilos tão diferentes...


Ao final das sessões e das intenções,todo mundo,como bem disse o grande Gabo no título genial do seu livro,se aluga pra sonhar.Daí pra frente o que vai mudar é o ritmo,a cor,o sentimento e o temperamento do seu sonho.Mudam as maneiras de definir esse sonho,mudam as visões dos personagens dos sonhos, a importância que se dá a eles,mas o fator comum predomina.


No levantar das cortinas,todo mundo é meio Amélie por alguns minutos,todo mundo se fecha numa concha e passa a viver aquelas vidas inventadas(ou não),a chorar as lágrimas alheias e sentir com o coração dos outros,enquanto durar a exibição,e muitas vezes além dela,porque o cinema também é isso,também é experiência,insight e epifania,porque o cinema,minhas queridas Amélies, é transformação.

Cinema é construção também, ás vezes precisamos dos filmes pra edificar,pra construir ideias,visões e possibilidades.Cinema também é jornada,Indiana Jones que o diga,pois quem assiste um filme sempre busca algo,e a gente sempre encontra,pode não ser o que procurávamos,pode não ser o que queríamos e daí,vem as melhores surpresas.




Quem aí nunca se surpreendeu gostando de um filme inesperado?Quem nunca odiou o filme novo do seu diretor favorito?Quem nunca se pegou lembrando e citando um filme que foi assistido com o maior desdém?Atire a primeira pipoca,então.

E nesse domingo tão cheio de humanidade,vou ali ser humana,me alugar pra sonhar,pagar pelo impagável e tentar guardar mais uma vez o intangível dentro de mim,traduzindo:vou ao cinema.Foi bom voltar e até o próximo post com o filme que vou ver hoje e mais uma penca de divagações filmísticas ,pra vocês Amélies!Au revoir!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Perfeito demais


So it is meus queridos,hoje é dia de música bebês!Agora há pouco,por acaso,ouvi a música maravilhosa de Damien Rice e não pude deixar de lembrar de Closer.Me ocorreu então a ideia de escrever sobre ele, e futuramente sobre outras músicas marcantes de trilhas ou momentos musicais em filmes,afinal,quem nunca lembrou instantaneamente de um filme ao ouvir certa música?Quem nunca teve a impressão de que algum filme seria mais sem graça se não tocasse aquela música no momento certo?Bom,eu sinto isso o tempo todo,talvez por eu ser viciada em música o efeito da trilha sonora é muito forte pra mim.As trilhas costumam chamar minha atenção e se um filme tiver uma boa trilha,certamente, já ganha pontos comigo.


Com Closer não foi diferente.Quando eu vi o filme pela primeira vez,no século passado,num belo domingo nublado,perfeito para o filme, fiquei hipnotizada pela música,lembro bem de como ela me fisgou na inesquecível sequência inicial.Eu  nunca tinha ouvido falar de Damien Rice,e se me dissessem que alguém cujo sobrenome é arroz pudesse cantar tão lindamente eu riria alto.Um dos motivos pelos quais quis falar dessa música é porque poucas vezes eu vi uma trilha  se tornar tão icônica.Todo mundo lembra automaticamente do filme ao escutar a música,todo mundo lembra do que sentiu ao ver filme ao escutar a música e,gente,isso é raro.Obviamente,existem muitas trilhas inesquecíveis,mas poucas músicas realmente foram tão apropriadas para um certo feeling que nem essa.


Agora,por favor,façam um esforço pra parar de olhar pro gif do Jude e continuem lendo,ok?Sei que é difícil tirar os olhos dele,mas se eu consegui por uns instantes,vocês também conseguem.Então,como eu dizia,canção de Damien tem todo o sentimentalismo e sinceridade do filme,ela é dolorida,direta,linda,tal qual o filme.A letra pungente e pessimista é exatamente o que Closer representa pro espectador,com toda a carga sentimental que o filme mexe e no tom certo,nada demais ,nada de menos.Lembro que depois que eu vi o filme pela primeira vez,na época,eu ainda via filmes em dvd,o deus Torrent ainda não tinha entrado na minha vida,e no dvd que eu aluguei tinha o clip nos extras,serviu pra que?Pra eu ver o clip mil vezes e me dar vontade de rever o filme ainda no mesmo dia,que foi o que eu fiz,sou dessas,não me julguem.O clip ,por sinal é outra lindeza  a parte,sempre que vejo me lembro do ultra melancólico filme do Lars Trier,o Breaking the Waves,a fotografia é muito parecida,não sei se houve inspiração mas pra mim a associação é inevitável,olhem só:

Emily Watson,fazendo a filha do vento em Breaking the Waves 


Digam que não parece com clip


Não acharam parecido?O filme do Trier é muito bom também,mas é tristíssimo,um dos mais depressivos que vi na vida,não recomendo pra quem já tá tendo um péssimo dia,mas pra quem quiser chorar,fica a dica.Mas voltando ao assunto do post,o clip de Blower's daughter tem algumas das melhores cenas do filme,só pra influenciar ainda mais nosso pobre cérebro e a gente ficar louco pra rever o filme,o que deve ser feito sem culpa, porque Closer é um filmão, bem denso,e a cada visão,dependendo do nosso estado mental,percebemos mais coisas,entendemos outras e amamos mais o filme,bem como dever ser.



E agora strangers?Como lidar com a vontade de rever o filme?Esses gifs e a música foram quase uma hipnose,não é mesmo?Agora quem puder e quiser vai rever o filme e ouvir a música mil vezes,que nem eu pretendo fazer.Espero que a hipnose tenha surtido efeito e que vocês não resistam também,e antes que eu me esqueça,por favor quem tiver pedidos sobre filmes ou trilhas pra comentar não se acanhem,se manifestem nos comentários ou mandem email para cinemamourr@gmail.com,combinado?Por hoje  é só strangers,até mais.







sábado, 16 de novembro de 2013

Como em um tango...




Para entrar no clima:

Discípulo e mestre

Holla guapos!Desculpem o sumiço,tirei mini-férias e só queria saber de  comer,dormir e ver filme é claro!Mas faltou coragem pra escrever sobre tudo que vi,fico devendo os posts pra quando a preguiça e o tempo permitirem,ok?Uma das maravilhas que assisti foi o ótimo Tese sobre um homicídio,mais um argentino pra nos humilhar com a sua qualidade indubitável.Sou muito fã do cinema dos hermanos e Tese só veio comprovar a minha tese,a de que ainda temos muito,muito mesmo,a aprender com os nossos vizinhos.

Mucho sangre e talento

Ricardo Darín,o muso onipresente do cinema argentino protagoniza um romance policial denso,o seu personagem,o renomado professor de direito Roberto Bermudez é hipnotizante e crível ,como tudo que Darín costuma fazer.O desenrolar da trama meio noir começa quando Roberto reencontra Gonzalo,filho de um amigo que não vê há tempos,que se inscreve em um seminário seu e o propõe uma tese interessante sobre  crimes.

Bom alun0


O que vem daí,a princípio,parece mais um daqueles típicos desafios entre o psicopata e o investigador,algo que nos remete aos papos de Clarice e Hannibal,mas para nossa a alegria o roteiro do filme vai além dos clichês bem feitos e nos intriga até o final.É perceptível,ao longo do filme, a familiaridade do estilo de suspense moderno,com algumas referências imediatas  a alguns filmes,como o Silêncio dos Inocentes,por exemplo,a aparição da figura de uma mariposa em meio a uma cena do crime e a toda uma alegoria sobre a morte de inocentes é colocada de maneira muito sutil e interessante na película.

Detalhes tão pequenos...

Hernán Goldfrid,o diretor, se destaca  ao enovelar os personagens de maneira genial,porque ele faz uma coisa dúbia,cheia de nuances,num instante temos o clássico desafio professor  e aluno,ali  temos o jogo de gato e rato do criminoso vaidoso e do investigador desesperado,acolá enxergamos o embate entre a inveja e o orgulho,já em outros, tudo o que temos são as nossas dúvidas.

Decifra-me ou te devoro

O trunfo do filme,talvez,venha desse enredamento,o diretor Hernán Goldfrid arrasta a gente pro tango e conduz o filme com muita maestria.A atmosfera de tensão é lindamente construída,com muito jogo de cena,ótimos ângulos,edição certeira e muito tato ao conduzir  os personagens.

Sob a luz da dúvida

E nessa dança vemos o personagem de Darín se desconstruir,o professor cheio de prestígio e certezas vai se desfazendo ao longo trama,o psicologismo da história tem seu ponto alto aqui.Tese é um noir moderno,só que nele a cortina de  fumaça não vem só de fora,não vem só da provocação do bandido e da sedução da femme fatalle, e tamanho é o fog,que em alguns pontos,chegamos a questionar a mente afiada do professor de direito.Em alguns momentos sua mente é exposta e questionada,sem que possamos ao certo escolher um lado,bom,eu pelo menos não pude.E por causa desse benefício da dúvida Darín e todos os envolvidos no projeto merecem palmas,não tá fácil hoje em dia criar algo novo e excitante pras nossas retinas tão calejadas,não é mesmo?Então fica a dica,pra quem quer algo diferente e excitante,porém com aquele gostinho bom de velho conhecido.Quem se animar a assistir o filme ,peço que volte aqui e comente a sua tese sobre esse noir latino.Por hoje é só chicos e chicas,hasta la vista babies!

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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

I'm going to kill myself tomorrow

I'm taking the cure
So I can be quiet wherever I want


Calma gente,este post não é uma carta suicida.É uma carta de amor,para o Wes Anderson,para agradecer por ter feito uma das minhas sequências preferidas ever!Pra começar,a sequência vem de um filme,que pra mim,não tem defeito,os Excêntricos Tenembaums,amo tudo que tem nele,esqueço até da mediocridade da Gwyneth Paltrow,tamanho o meu amor pelos Tenenbaums.Essa sequência não poderia ter sido estilizada e editada de maneira mais apropriada.Então, pra vocês entenderem o que eu vou falar,vejam a lindeza:



É muito amor!Obrigada Wes Anderson,obrigada por escolher o delícia do Luke Wilson pra encarnar o Ritchie,ninguém mais se sairia tão bem,o misto de melancolia e doçura  dele é o tempero certo para Richie,o mais passional dos Tenembauns.

Se acalmem,juro que vou tentar não entregar muito do filme,para não estragar a leitura dos vacilões que ainda não assistiram,ok?Os que ainda não viram,por favor misturem meia dose de vergonha na cara e juízo,e tratem ver um dos melhores filmes do diretor mais original e estiloso da atualidade.Porque não dá pra falar do Wes sem falar de estilo,ao contrário do que muita gente pode pensar,o estilo dele não tem haver com moda,muito pelo contrário,Wes  foge das imposições do mercado e cria filmes muito característicos e cheios de autenticidade.

Insisto em falar do estilo porque ele é crucial para dar o tom certo para cada cena.Ao acompanharmos a tentativa de suicídio de Richie somos levados por esse mundo meio expressionista que Wes criou.Os tons de azul do banheiro,previamente pensados para ambientar o desolamento do personagem,nos remetem ao imaginário americano,onde os 'blues' são sinônimo de dor e tristeza.



I can't beat myself


É no meio desse blue todo que Richie se despede da vida, do seu passado de prodígio fracassado e do seu coração partido.A mudança visual,a perda da barba e dos longos cabelos do tenista são o concretização do seu despojamento da vida,da vontade de deixar tudo pra trás.Uma das melhores coisas de já ter visto o filme ,várias vezes, é que a cada nova visão consigo reparar em mais detalhes,nos pequenos detalhes  em que Wes se esmera para compor o clima do filme. A música escolhida,nesse caso, uma das melhores escolhas de trilha em sua filmografia,é parte vital do filme.A música tem uma tensão crescente,aliada a uma letra sombria que dão o tom trágico e intimista que o roteiro pede.

So leave me alone

You ought to be proud that I'm getting good marks



Além disso,o ritmo e a edição são muito certeiros,montam um passo-a-passo que provoca uma aflição na gente.Não sei dizer quantas vezes já vi o filme,mas sempre que vejo,me comovo com essa sequência.Não só porque Richie é um dos meus personagens preferidos na película,mas também,pela maestria com que ela foi projetada,nada é gratuito em um filme do Wes,ele é obcecado por composições perfeitas e milimétricas,o que nesse caso funciona lindamente,porque ao invés de deixar o filme engessado,serve pra trabalhar cada aspecto que chegará ao espectador.

Portanto,se você já viu o filme,vale rever pra observar melhor a arte envolvida em cada tomada dele,quem ainda não viu,corra pra ver e preste atenção em tudo,Tenembauns é um mosaico,cheio de pedacinhos,cada um com um encaixe certo,cheio de nuances a serem apreciadas.Prometo um post inteirinho sobre o filme,que vai ser longo e derramado,porque pra mim,Wes é um gênio,é  diretor,é arquiteto,visionário como ele só,consegue sempre me surpreender e me apaixonar.É isso mesmo gente,amo o Wes e ele ainda não sabe,por enquanto fica só entre nós,deal?Conto com vocês, e  desejo um bom filme,pra quem se contagiou com a minha paixonite.Quem quiser,tá convidado a escrever sobre filme e me mandar o pitaco,tá bem?Pode ser por email ou nos comentários mesmo,vocês é que mandam!Até a próxima mes amours.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Amores imaginários

Te quiero

Pre-pa-ra gente!O Amor Imaginário de hoje é muy caliente,e dedico à minha queridíssima Nina que sugeriu esse desaforo de hombre por aqui.Nina,mi amor,o seu pedido é uma ordem,agora, é só a gente aproveitar,vamos ao que interessa?Quem pode ser mais interessante  do que Javier Barden?
Além de lindo,másculo,moreno e sensual ,o guapo é um dos melhores atores da sua geração,versátil e carismático como poucos.Javier começou a atuar um pouco tarde,pois sua carreira inicial era o rugby profissional,onde ele ganhou esse corpinho e uns ossinhos quebrados que deram mais personalidade à sua beleza não é mesmo? Então,só nos resta apreciar com mucho gusto!

Que é isso novinho?
Raul -Jamón Jamón

E já começa assim... esse é Javierzito no seu primeiro sucesso.Jamón Jamón,do apimentadíssimo diretor Bigas Lunas,que foi o primeiro a apostar no potencial do guapo.Como vocês podem ver,Raul é dos personagens mais sexies de Javier,ele é um garanhão inveterado,que acaba se apaixonando pela  digníssima  personagem  de Penélope Cruz.

Amante Latino
 Benito- Ovos de Ouro

Um dos melhores momentos dele!Benito é tão engraçado quanto delicioso,o rapaz tem uma personalidade bem peculiar e abusa de momentos inesquecíveis que nem esse da foto,onde ele canta bebaço uma música de Julio Iglesias,nesses trajes maravilhosos!Mais uma parceria linda com Bigas Lunas,obrigado Bigas,por essa cena épica!Por favor vejam a cena,sintam o drama: 



Amor fatal
David- Carne Trêmula

Aqui um dos personagens mais subestimados dele,David é uma típica cria de Almodóvar,passional e quente até a alma.Ele é um dos tipos mais fatais que Javier já fez,lindo e atuando bem como sempre.

Ah se eu fosse marinheiro...
Ramón Sampedro-Mar Adentro

Como diria o talentosíssimo Paulo Gustavo: aqui, eu me encalacro toda!Sou louca por esse filme,consequentemente,amo o personagem de Ramón,essas cenas onde ele aparace lindo e impávido nas praias são divinas,o filme é tão lindo quanto o Javier,quem ainda não viu,por favor,vamos atentar pra vida e ver pra ontem!

Me leva pra Oviedo corazón?
Juan Antonio- Vichy Christina Barcelona

Já ia começar dizendo que amo o filme,aí vocês me acusam de ser fácil,mas que culpa eu tenho do Javier só fazer filme bom?E ainda faz um com o Woody Allen?Como não amar?Em Barcelona,Javier faz o kisuco FERVER!Mais charmoso e irresistível que nunca,ele pega Penélope,pega Scarlett e Rebecca Hall,deixando a gente só na vontade,e que vontade...

Depois de Vichy ele fez Biutiful,Skyfal e To the Wonder, onde ele faz um padre e bota  a gente pra pecar em pensamento.O guapo já vai voltar com tudo no novo filme de Ridley Scott, O Conselheiro, o filme parece ser dos bons,e além de Javier temos Fassbender no elenco,ou seja,vou ver na estréia!Aguardamos ansiosos ,enquanto não vem esse,já podemos rever a filmografia de Bardenzito e suspirar.Por hoje é só pessoal,até a próxima queridóns!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Guest Post: Machismo e cinema,divagando sobre o filme Nunca Mais.

Oi gente! É com muita honra que inauguro ,hoje, o primeiro guest post aqui no Cinemamour. O primeiro de muitos, eu espero, quero  manter um espaço para divulgar textos de amigos e leitores, então, se você também quer escrever um guest post,be my guest! Basta enviar seu texto para o email:cinemamourr@gmail.com

O guest de hoje é especialíssimo, um amigo muito querido, um dos meus maiores incentivadores,cinéfilo assumido, que teve a generosidade de vir aqui dividir esse texto lindo. Agradeço muito o carinho, viu Caio? Agora fiquem com o post do meu querido Caio Gustavo.


Antes de começar a escrever, venho me apresentar. Chamo-me Caio Gustavo, estudante (no momento que esse post está sendo escrito) de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará, estando no sexto semestre de graduação. Sou amigo da Manu faz uns 2 anos, eu acho. E com ela tenho aprendido muito sobre cinema, além de admirá-la como pessoa. Fiquei muito feliz com a sua iniciativa de escrever sobre cinema, pois conteúdo e cultura é pra se disseminar.


Já sobre o post, devido à eficiência dela em postar quase todo dia, fiquei instigado a escrever já que é uma coisa que eu amo, mas há muito tempo não faço. Na verdade, eu estou lotado de coisas da universidade pra fazer, mas como não estou inspirado para trabalhos acadêmicos, acho que escrever um post pode dar uma ajudada nisso. O filme que escolhi falar foi o filme “Nunca Mais” do diretor Michael Apted. Sobre o diretor, não posso falar muita coisa, pois não acompanho seu trabalho, mas esse especificamente me chamou atenção.

Sinopse:

Enough

Slim (Jennifer Lopez) é uma dedicada garçonete que tem sua vida transformada por completo após se casar com Mitch (Bill Campbell), um empresário milionário. Ela deixa o trabalho e se adequa a uma tranquila vida com as posses do marido, juntamente com Gracie (Tessa Allen), sua filha de 5 anos. Entretanto, logo Slim percebe que seu marido não tem nada de perfeito, abusando dela cada vez mais. Cansada, Slim decide ir embora, juntamente com Gracie, para um lugar onde possa recomeçar sua vida. Porém, Mitch parte em sua busca e volta a ameaçá-la, fazendo com que Slim tenha que se preparar física e mentalmente para confrontá-lo e pôr um fim nas ameaças.

Sinopse retirada do site: http://filmow.com/nunca-mais-t5510/

O filme é comum passar nas “temperaturas máximas da vida” e apresenta a cantora Jennifer Lopez como protagonista. A personagem é carismática mesmo com as limitações da atriz. Com o tempo o telespectador vai estabelecendo um vínculo empático com a mesma, pois uma sequência de acontecimentos (acontecimentos esses mais comuns do que imaginamos) desagradáveis vão ocorrendo e com um jogo de drama com suspense, é comum ficarmos ensimesmados com a boa trama que se estabelece.  O filme realmente prende. A personagem se vê diante um marido arrogante, machista que a toma como posse. O seu discurso é sempre o de “você é minha”, “eu conquistei tudo, essa casa, o emprego, VOCÊ”. A mulher é objetificada e vira apenas mais um bem do marido.

O marido é contracenado pelo ator Billy Campbell, que também é outro ator que não me chama muito a atenção, mas, para o papel, serviu. Poderia ser atores melhores? Sim, poderia, melhor, DEVERIA. Mas talvez pouco importassem os atores e sim a reflexão sobre o machismo e os abusos domésticos, independente da classe social. No filme é uma família milionária, mas todos nós sabemos que isso ocorre, seja  na classe média , baixa renda ou o que for. Mas o curioso mesmo no filme é a superação da personagem que para muitos incomoda, pois a mulher se igualou (a partir da técnica) ao homem. * início do spoiler* ela passa por uma série de treinamentos, para, por fim, lutar de igual para igual com o seu marido *fim do spoiler*.

Percebe-se o incômodo nos comentários sobre o filme. Após reassisti-lo, fui até uma rede social de filmes (Filmow. Por sinal, indico para os leitores que queiram organizar os filmes que assistem, só não recomendo ficar preso nas discussões, muitas vezes infantis dos comentários sobre os filmes). Com isso, tive a infeliz ideia de ler os comentários sobre o filme e algumas pérolas me chamaram a atenção.





Minha resposta a essas pérolas foi essa, até me surpreendi pela aceitação do comentário:


Continuando sobre o filme, existem mais duas personagens na trama, sua amiga Ginny (Juliette Lewis ) e a sua filha Gracie, intepretada por Tessa Allen.  A criança definitivamente é um diferencial no filme, apesar de não considerá-la nenhuma grande atriz mirim (da época), ela traz uma personalidade cativante e nos deixa de olhos brilhantes. O filme até a sua metade estabelece uma trama de perseguição e fuga, para depois a personagem se superar, é nessas cenas que ocorrem os maiores momentos de tensão.


Por fim, o filme não é nenhuma grande produção e peca em muitos aspectos, talvez pela limitação dos atores ou do roteiro, mas como já expliquei, vale a pena pela reflexão e pelo suspense. O machismo é frequente ao nosso redor e está presente em diversos âmbitos sociais, para combatê-lo precisamos de uma conscientização libertadora, principalmente partindo das mulheres que são as verdadeiras oprimidas, apesar de que muitos homens também são afetados pelo machismo, seja homossexual ou hétero.

Fugindo um pouco sobre o cinema, mas ainda partindo do tema (machismo), apenas para exemplificar que o machismo está cristalizado no social e na cultura, outra coisa, além do cinema, também me desperta desejo, os games. E é comum ver machismo neles. Um caso que me chamou atenção é da apresentadora Katiucha Barcelos, que apresenta o programa UPLAY, na Tv União, aqui de Fortaleza.  Por ser uma bela mulher, a sua beleza é salientada (pelos seus fãs, assisti poucas vezes o programa e não vi tanta apelação por parte deles para a beleza da apresentadora) no lugar do seu conhecimento e isso parece incomodá-la bastante, sendo muitas vezes exposta a situações constrangedoras e inclusive sendo objetificada, como no vídeo abaixo, em que ela é vista como o “sonho de consumo” dos gamers. 



 

Perceba seu constrangimento ao ser associada a "musa" dos games.


Na entrevista o primeiro aspecto realçado é a sua beleza, para depois ser falado o seu conhecimento sobre os games, infelizmente é por essas coisas que as mulheres andam passando e filmes como o de Apted são importantes para fazermos uma leitura crítica sobre esse assunto.Enfim, era isso que eu tinha para falar, espero que tenha sido proveitoso. 

 Abraços.